3 de nov. de 2011

A tribo de Levi e seu ofício sacerdotal



Alguns aspectos da tribo de Levi:

1) O papel dos levitas.

2) As vestes especiais dos כֹּהֲנִים (cohanim), sacerdotes.

3) "Nesse tempo o Eterno, Nosso D'us separou a tribo de לֵוִי, Levi para levar a arca da aliança do Eterno, para o servir, e para abençoar em seu NOME..." (Devarim, Deutetonômio 10:8).

4) A tribo de Levi era a única que não possuía herança na Terra Prometida, pois disse o Eterno, que Ele próprio é a herança da mesma. (Devarim, Deuteronômio 10:8-9).

5) Os לְוִיִּם (leviim), levitas tinham, entre outros privilégios:

a - Servir no santuário (Bamidbar, Números 3:6; 1Cr 15:2) ajudando nos sacrifícios (Yrmiah, Jeremias 33:18,22), na recepção de oráculos (Bamidbar, Números 3:38; 2 Melakhim, II Reis 12:9;

b - Transportar a arca da aliança (ארון ברית - aron berit);

c - A responsabilidade do ensino da lei (Devarim, Deuteronômio 31:9; 22:10);

d - Autoridade para abençoar. Grande privilégio pela associação como o Nome de D'us (Bamidbar, Números 6:27).

6) Gozavam os לְוִיִּם (leviim), levitas de alto prestígio, de elevada estima aos olhos do Eterno a ponto de lhes ser dito pelo Eterno, "... os לְוִיִּם (leviim), levitas serão meus" (Bamidbar, Números 8:14b).

7) Outro aspecto da tribo de לֵוִי, Levi é que ela teria de ser sustentada pelas outras tribos. (Bamidbar, Números 18:20-31).

. O Eterno ordenou que as outras tribos dessem o dízimo de tudo, para o sustento dos לְוִיִּם (leviim), levitas, porque eles como sacerdotes teriam que se separar e se entregar por inteiros ao Avodat HaKodesh, serviço santo. Porque se eles dividissem o seu tempo entre o serviço santo e o serviço secular, então nunca conseguiriam oferecer ao Eterno um serviço santo, perfeito e completo. Alguém poderá até pensar que os levitas eram "um bando de desocupados", mas ao contrário disso eles trabalhavam muito. 

. O Eterno também ordenou aos לְוִיִּם (leviim), levitas que dessem o dízimo dos dízimos. (Bamidbar, Números 18:26,28).

Os levitas hoje.

Carta genealógica.

8) Devarim, Deuteronômio 10:8 resume o ministério levítico, e nos aponta de modo sugestivo um plano de trabalho para nós mesmos, כֹּהֲנִים, sacerdotes e לְוִיִּם, levitas daהברית החדשה, HaBrit HaChadashah, Nova Aliança: Levar a arca da aliança, estar diante do Eterno, Nosso D'us e abençoar em Seu Nome.

A bênção que o כֹּהֵן גָּדוֹל, Cohen Gadol, Sumo Sacerdote Aarão pronunciou para os filhos de Israel:

במדבר פרק ו

כד - יְבָרֶכְךָ יְהוָה, וְיִשְׁמְרֶךָ. 

כה - יָאֵר יְהוָה פָּנָיו אֵלֶיךָ, וִיחֻנֶּךָּ. 

.כו - יִשָּׂא יְהוָה פָּנָיו אֵלֶיךָ, וְיָשֵׂם לְךָ שָׁלוֹם 

"Ievarekhekha Adonai veishmerekha.

Iaer Adonai panaiv eleikha, vichunekha.

Issa Adonai panaiv eleikha, veiassem lekha shalom."


(Bamidbar, Números 6:24-26).

24 - O Eterno te abençoe e te guarde;
25 - o Eterno faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti;
26 - o Eterno sobre ti levante o rosto e te dê a paz.


ברכת כהנים - Bênção Sacerdotal 9) Mas, os לְוִיִּם (leviim), levitas também eram punidos quando transgrediam alguma mitzvah, ordenança da Torah.

Vejam esse texto em inglês do comentário sobre a Parashah Shimini, pelo Rabino Ariel Bar Tzadok, onde ele faz uma referência ao que disse o Rabino Moshe David Valle, sobre "As mortes de Nadav e Avihu" - na página 02 (dois) desse arquivo em PDF.

Tradução:

"Rabino Moshe David Valle, o estudante superior da RaMHaL escreve no seu comentário sobre Vayikra (Avodat HaKodesh) que o pecado fundamental de Nadav e Avihu foi que eles acenderam o fogo do serviço Divino. Afinal, o fogo tinha acabado de descer do céu para queimar o altar. Estes dois jovens estavam na presença de Moshé e Aharon. Eles não estavam autorizados a oferecer incenso. Nadav e Avihu não foram ordenados a fazer qualquer coisa. No entanto, eles tomaram a iniciativa por conta própria. Nadav e Avihu fizeram o que eles achavam que era certo, sem primeiro verificar com as autoridades estabelecidas do seu pai e seu tio Aharon e Moshe. Enquanto alguns podem interpretar isso como uma coisa boa. É evidente que D'us não! Foi esta presunção em suas ações que o rabino Valle interpreta como Nadav e Avihu acenderam o fogo do serviço Divino. Rabino Valle que, como líderes do povo, Nadav e Avihu eram observados de perto pelas pessoas. O que eles fizeram poderia ser seguido pelo povo. Isso poderia ter resultados desastrosos." (Vayikra, Levítico 10:1,2).

Vejam nesse outro site o livro do Rabbi Moshe David Valle - Avodat HaKodesh ( Vayikrah)Mediante esse ato de severidade do Eterno, Nosso D'us, então, que a nossa atitude diante d'Ele seja de muita reverência, temor, obediência e consciência de nossas atribuições na grande קהל, Cahal, Congregação do Mashiach, para que não aconteça conosco o que ocorreu com Nadav e Avihu, durante o período do estabelecimento da primeira aliança, selada com sangue de animais; e também com aquilo que aconteceu com Ananias e Safira (Atos 5:1-11) já no período da segunda aliança, selada com o sangue do próprio Mashiach.

Ha shaliach Shaul, o emissário Paulo escreveu o seguinte em sua carta aos seguidores de Yeshua que residiam na cidade de Éfeso:

"E D'us os colocou na comunidade messiânica; em primeiro lugar, os emissários; em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os mestres; a seguir, as pessoas que realizam milagres; as pessoas com dons de curar; os que têm a capacidade de ajudar; os experientes em administrar; e os que falam em várias línguas. Não são todos emissários, são? Nem todos são profetas, mestres, realizadores de milagres, são? Nem todos têm dons de curar, nem todos falam em línguas, nem todos as interpretam, não é mesmo?" (I Corintios 12:28-30).

Mas, infelizmente muitos querem agir da mesma forma que Nadav e Avihu, passando a frente de quem D'us estabeleceu como líderes na Kehilah de Yeshua.

É interessante notar que o mesmo D'us que agia com severidade durante o período da primeira aliança, também age com a mesma severidade no período da nova aliança, porque o Eterno, Nosso D'us não muda e nem há n'Ele sombra de variação. (מַלְאָכִי, Malaquias 3:6; Tiago 1:17).

Isso me faz lembrar duma frase muito importante que se encontra à vista de todos os presentes na maioria das sinagogas do mundo:

O que é o Talmud





 
Os judeus acreditam que a Torá inteira (os Cinco Livros de Moshê) foi escrita por Moshê segundo ditada por D’us. Isso inclui todos os eventos nela registrados desde o tempo da Criação. Até o Devarim, que é escrito como o testemunho de Moshê, foi escrito por ordem expressa de D’us. D’us ditou o livro como se Moshê estivesse se dirigindo ao povo. [Baseado em R. Aryeh Kaplan, Handbook of Jewish Thought, vol. I, 7:22-24]

Juntamente com o texto escrito da Torá, D’us deu a Moshê uma explicação oral. Portanto, podemos falar sobre duas Torot – a Torá Escrita e a Torá Oral. Elas complementam uma à outra e um verdadeiro entendimento de ambas revelará que são a mesma. Em muitos casos a Torá (escrita) refere-se a detalhes que não estão incluídos no texto, assim aludindo a uma tradição oral. Por exemplo, a Torá declara (Devarim 12:21): "Abaterás teu rebanho… como Eu te ordenei", implicando uma ordem oral sobre o abatimento ritual. Da mesma forma, tais mandamentos como Tefilin (Devarim 6:8) e Tsitsit (Bamidbar 15:38) são encontrados na Torá mas não são fornecidos detalhes e presume-se que estarão na Torá Oral. E também, embora guardar o Shabat seja um dos Dez Mandamentos, nenhum detalhe é fornecido sobre como deveria ser guardado, e estes estão também na tradição não escrita. D’us assim declarou (Yirmiyáhu 17:22) "Manterás o Shabat sagrado, assim como ordenei a teus antepassados." [Kaplan, 9:1-5]

A Torá Oral era para ser originalmente transmitida boca a boca. Foi passada de professor para aluno de tal maneira que se o estudante tivesse quaisquer dúvidas ele poderia perguntar e assim evitar ambigüidade. Um texto escrito, no entanto, não importa o quanto seja perfeito, está sempre sujeito à má interpretação. Além disso, a Torá Oral deveria cobrir a infinidade de casos em que poderiam surgir no decorrer do tempo. Ela poderia jamais ter sido escrita por inteiro. D’us, portanto, entregou a Moshê um conjunto de leis que a Torá poderia aplicar a todo caso possível. [Kaplan, 9:8-9]
Duas páginas da Guemará
Além de receber muitas explicações e detalhes das leis, Moshê recebeu também regras hermenêuticas para derivar leis da Torá Escrita e para interpretá-la. Em muitos casos, ele recebeu também as situações nas quais estas regras poderiam ser aplicadas. Leis e detalhes envolvendo ocorrências comuns do dia-a-dia foram transmitidos diretamente por Moshê. No entanto, as leis envolvendo casos especiais, não freqüentes, foram dadas de maneira a serem deriváveis da escritura pelas leis hermenêuticas. Caso contrário, haveria o perigo de que elas fossem esquecidas. As verdadeiras leis que Moshê ensinou diretamente foram preservadas com cuidado e nunca se acha uma disputa sobre elas. No entanto, no caso das leis derivadas das regras hermenêuticas ou lógicas, disputas ocasionais podem ser encontradas. Os dois tipos de leis têm o mesmo status que as leis bíblicas e são consideradas de igual importância. Juntamente com as leis em si e as regras de derivação, D’us deu a Moshê muitas orientações sobre como e sob quais condições decretar aquelas leis. Esta é a fonte de permissão para promulgar leis rabínicas.
[Kaplan 9:20-25,29]

A Torá Oral foi transmitida de boca a boca de Moshê a Yehoshua, depois aos Anciãos, aos Profetas e aos homens da Grande Assembléia. A Grande Assembléia era liderada por Ezra no início do Segundo Templo e codificou grande parte da Torá Oral numa forma que pudesse ser memorizada pelos alunos. Esta codificação era conhecida como Mishná. Esta Mishná foi exigida para ser entregue palavra por palavra exatamente como tinha sido ensinada. [Kaplan, 9:31-33]
Durante as gerações que sucederam a Grande Assembléia, a Mishná foi expandida pela pela nova legislação e leis de casos. As controvérsias começaram a surgir, variações na Mishná dos vários mestres começaram a aparecer. Ao mesmo tempo, a ordem da Mishná foi melhorada, especialmente por Rabi Akiva. Para acabar com as disputas, Rabi Yudah, o Príncipe, redigiu uma edição definitiva da Mishná que é aquela que temos hoje. Esta foi terminada no ano 188 EC e publicada aproximadamente 30 anos depois. Dividiu a Torá sistematicamente em seis ordens e subdividiu estas ordens em tratados, com um total de 63 tratados entre as seis ordens. [Kaplan, 9:37, 39]

Ao compilar sua obra, R, Yudah fez uso da Mishná anterior, condensando-a e decidindo entre diversas questões controversas. Os Sábios de seu tempo todos participaram com suas decisões e ratificaram sua edição. No entanto, até as opiniões rejeitadas foram incluídas no texto para que fossem reconhecidas e não revividas nas gerações seguintes. [Kaplan 9:41]

Além da Mishná, outros volumes foram compilados pelos alunos de R. Yudah durante este período. Estes incluem o Tosefta que segue a ordem da Mishná, bem como o Midrashim Haláchico – o Mechilta, um comentário sobre Shemot, o Sifra sobre Vayicrá e o Sifri sobre Bamidbar e Devarim. Obras fora da escola de R. Yudah saíram com o nome de Baraita. [Kaplan 9:46-47]

Dessa vez, a prática foi para os alunos primeiro memorizarem os fundamentos da Torá Oral e então analisarem cuidadosamente seus estudos. Durante o período precedendo R. Yudah, as leis memorizadas se desenvolveram na Mishná, ao passo que a análise se desenvolveu numa segunda disciplina conhecida como Guemará. Depois que a Mishná foi compilada, estas discussões continuaram, tornando-se muito importantes para esclarecer a Mishná. A Guemara desenvolveu-se oralmente por cerca de trezentos anos depois da redação da Mishná. Finalmente, quando ficou em perigo de ser esquecida e perdida, Rav Ashi, na sua escola na Babilônia, incumbiu-se de coletar todas estas discussões e colocá-las em ordem. Foi completada no ano 505 EC. [Kaplan, 9:47-48]

Juntas, a Mishná e a Guemará são chamadas de Talmud. Ambas contêm regras legais e discussões para trás e para frente, dissecando e esclarecendo estas regras.
A comunidade em Israel compilou um Talmud no terceiro século, chamado o Talmud Jerusalém. O Talmud Babilônico foi compilado 200 anos depois e é universalmente aceito como autoritativo. Em questões de concordância, ambos os Talmuds são consultados. Quando se trata de uma disputa, o Talmud Babilônico tem precedência. Assim, o Talmud Babilônico é com freqüência chamado simplesmente de Talmud.

Na Torá Oral há dois componentes – Halachá e Agadata. A Halachá constitui cerca de noventa por cento do Talmud e quase todo os Midrashim Haláchicos. A Agadata forma os outros dez por cento do Talmud – distribuída desigualmente entre seus tratados – e praticamente a totalidade das outras obras Midráshicas.

A Halachá é a mais fácil de definir das duas categorias. Consiste de definições, fontes e explicações das Leis da Torá. A Agadata, por outro lado, consiste do mundo das idéias judaicas. Basicamente lida com os princípios da fé, filosofia e idéias éticas do Judaísmo. Além disso, inclui todas aquelas interpretações dos versículos e histórias bíblicas que não estão relacionados com a Lei Judaica; exposições da importância das leis e as recompensas e punições que elas acarretam; histórias da vida dos justos; lições em aperfeiçoamento do caráter; e até, às vezes, algo que se parece com conselhos práticos sobre assuntos mundanos, como negócios e saúde.
Agadata, em contraste com a metodologia direta e lógica da Halachá, transmite seus ensinamentos através de meios menos diretos. A Agadata é muitas vezes intencionalmente obscura e daí sua mensagem – com freqüência uma das idéias mais básicas do Judaísmo – vem revestida naquilo que parece ser parábolas, enigmas, ou mesmo conselhos práticos sem conteúdo religioso aparente. Os textos escriturais geralmente são entendidos de modo exegético em vez de simplesmente, apesar do dito talmúdico de que o simples significado do versículo é sempre verdadeiro (Talmud Shabat 63a). [Baseado em R. Aharon Feldman, The Juggler and the king, págs. xxi-xxii]
Estudo em chavruta
Resumindo, o Talmud é um complemento da Bíblia. Preenche as lacunas e explica as leis da Torá. Além disso, inclui histórias e ditos que tanto direta quanto alegoricamente oferecem a filosofia e sabedoria do Judaísmo. No entanto, o Talmud é um texto difícil de ler porque contém muitas discussões (que ocorreram durante centenas de anos) na forma de prova e refutação . As progressões lógicas se prestam a citações fora do contexto que representam uma presunção que pode ser derrubada em seguida.

O Talmud e a Torá

O Judaísmo considera a Torá sua obra mais sagrada, Divina, e as leis bíblicas são consideradas mais importantes. O Judaísmo vê a Torá (os Cinco Livros de Moshê) como a palavra literal de D’us. Os Profetas (Yehoshua, Shemuel, Melachim, Yeshayáhu, Yirmiyáhu, Yechezkel e os Doze Profetas) são as palavras divinamente inspiradas dos profetas ao povo e as Sagradas Escrituras (Tehilim, Mishlê, Job, Shir Hashirim, Rut, Echá, Cohêlet, Esther, Daniel, Ezra e Divrê-Hayamim) são as palavras divinamente inspiradas dos profetas para serem inscritas. A Torá é o livro mais sagrado do Judaísmo e é tratada com respeito especial. O que se segue foi extraído do Kitzur Shulchan Aruch (Código resumido da Lei Judaica) nas leis sobre o tratamento a um Rolo de Torá.

Kitzur Shulchan Aruch 28:33


Uma pessoa é obrigada a tratar um Rolo de Torá com grande respeito e é louvável que se designe para ele um lugar especial e que este local seja respeitado e embelezado. Não se deve cuspir em frente a um Rolo de Torá e não se pode segurá-lo sem um tecido [entre o Rolo e as mãos nuas]. Aquele que presencia um Rolo de Torá sendo carregado deve se levantar até que o Rolo seja colocado em sua posição ou até que a pessoa não possa mais vê-lo.

Similarmente, tratamos o Chumash com tanto respeito que nenhum livro pode ser colocado em cima dele. Nem mesmo um Livro dos Profetas pode ser colocado em cima de uma Torá [Talmud Meguilá 27a].

Sob uma perspectiva legal, as leis bíblicas são mais importantes que as leis rabínicas.

Talmud Shabat 128b

Remover um utensílio de sua função preparada é uma proibição rabínica, causar dor a animais é uma proibição bíblica. A proibição bíblica supera a proibição rabínica.

Vemos o mesmo em Talmud Pessachim 9b, que somos mais severos com as leis bíblicas que com as leis rabínicas. No Talmud Pessachim 4b, Eiruvin 30, e Ketuvot 28b, o testemunho de crianças é visto como aceitável somente pelas leis rabínicas, mas não pelas leis bíblicas porque estas têm exigências mais severas. Em Talmud Berachot 21a vemos que quando em dúvida se um mandamento bíblico foi cumprido, a pessoa deve repeti-lo, mas se estiver em dúvida sobre o cumprimento de um mandamento rabínico, não há necessidade de repeti-lo. Uma idéia similar é repetida em Talmud Avodá Zará 7a – quando há duas opiniões sobre um mandamento bíblico seguimos a opinião mais severa, mas quando há duas opiniões sobre um mandamento rabínico seguimos a opinião mais leniente. Qualquer pessoa que esteja familiarizada com o raciocínio talmúdico reconhece imediatamente o ridículo da alegação de que o Judaísmo considera o Talmud mais importante que a Bíblia.

Não apenas a Bíblia é importante para os judeus, como o Talmud nos diz que somos obrigados a estudá-la.

Talmud Avot 5:21

Ele [R. Yehuda ben Teima] costumava dizer: Aos cinco anos nas Escrituras, aos dez anos na Mishná, aos treze anos nos Mandamentos, aos quinze anos na Guemará…
No entanto, o estudo da Bíblia pode começar aos cinco anos de idade, mas o Talmud nos diz que deve permanecer como uma grande parte de nossa rotina diária de estudo.

Talmud Kidushin 30a

Um homem deve sempre dividir seus anos em três – um terço em Escrituras, um terço na Mishná e um terço no Talmud. Quem sabe quanto tempo ele viverá? Portanto seu dia deve ser dividido em três.

De fato, Talmud Berachot 8b nos diz que um judeu deve revisar uma porção da Torá duas vezes por semana, e novamente em tradução e terminar a Torá a cada ano.
Não há dúvida de que a Bíblia, como Lei Escrita, é o centro do Judaísmo, e que embora o Talmud possa conter discussões sobre a Lei Oral, a Bíblia tem precedência.

O REI SÁBIO

Era um rei muito jovem e muito sábio, Salomão. Seu pai, o rei David, pouco antes de morrer, convocou a Corte e anunciou aos seus príncipes: "De todos os meus filhos (porque muitos me deu o Senhor), Ele escolheu Salomão para herdar meu trono".
O novo rei mal entrara na adolescência, como disse seu pai: "Ainda é moço e muito tenro", e ele próprio, Salomão, implorando a proteção divina: "Sou ainda menino pequeno, não sei sair, nem entrar". Compreendia, assim, a grande responsabilidade que teria de arcar, governando um povo numeroso, e recorria ao Senhor para que o orientasse. E foi ouvido.
Uma noite, em sonhos, uma Voz lhe falou: "Pede o que desejares, que serás atendido". Deslumbrado, o moço implorou: "Dá-me um coração entendido e sábio para julgar e discernir entre o bem e o mal". Ouviu então a promessa do Altíssimo: "Já que não pediste grandezas, nem a morte de teus inimigos, terás um coração tão sábio que antes de ti, nem depois de ti, ninguém te igualará. E terás riqueza e glória como nenhum outro rei jamais teve ou terá".
Assim começou Salomão, imbuído da Centelha Divina, o seu reinado. Era um rei pacífico - "homem de repouso" - e logo conquistou a amizade e admiração dos outros reis. Cumulavam-no de presentes valiosos, que vinham acrescer as riquezas já abundantes no reino.
Um dos seus primeiros atos foi construir o Templo, como lhe ordenara seu pai. Para isso procurou o rei de Tiro, a fim de que lhe fornecesse cedro, dando-lhe em troca gêneros alimentícios. Também contratou "um homem que soubesse lavrar, cinzelar, trabalhar com ouro, prata, bronze, ferro..." E veio Chiram, da tribo de Naftali, "capaz para toda obra de buril e para todas as engenhosas invenções".
Nas mãos abençoadas de Chiram foi entregue a construção do Templo. Edificaram-no no Monte Moriá, em Jerusalém. As paredes externas eram erguidas com pedras polidas que se encaixavam umas nas outras, sem necessidade do uso de qualquer ferramenta. Dentro, as salas eram revestidas de cedro, com adornos de flores em relevo. Duas majestosas esculturas de querubins, ambos de asas abertas, dominavam o ambiente. Onde quer que a vista parasse, encontrava uma obra de arte. Por toda parte brilhavam ouro e pedrarias, nunca houve obra tão suntuosa.
No fim de sete anos, terminado o templo, o rei Salomão fez construir dois palácios, um para a sua esposa, o outro para residência do rei. Este, magnificente. Não só o prédio impressionava pela beleza dos detalhes que o decoravam, exterior e interiormente, como pela pompa do mobiliário, a começar pelo trono, todo em marfim e ouro. Ao mesmo tempo em que o reino nadava em prosperidade, voava a fama de sabedoria do rei Salomão. Eram sobretudo surpreendentes suas decisões nos casos de julgamento de contendores. Ficou na história, imutável através dos séculos, a questão de duas mulheres que disputavam um recém-nascido, já que o filho de uma delas havia morrido durante a noite.
- É meu! - uma gritava. - Mentira! - desmentia a outra. - É meu! O rei ouviu as diferentes versões contadas por ambas, refletiu um momento e logo ordenou aos seus guardas: "Tragam-me minha espada. Vamos cortar ao meio a criança e cada uma fica com a metade".
- Muito bem! Nem eu, nem ela! - Regozijou-se uma das mulheres, ao passo que a outra, ajoelhada, implorava: "Não! Dê-lhe o menino mas não o mate".
- Esta é a mãe - decidiu o rei, entregando-lhe a criança. - Mulher, toma teu filho. Já então se propagava tanto a sabedoria do rei Salomão, como o esplendor de seu reino.
A rainha de Sabá, incrédula, foi pessoalmente visitar o rei, para ver, com os seus olhos, o que escutava sobre o fausto que o rodeava, e, ouvindo-o, comprovar sua sabedoria. Trouxe-lhe, além de presentes fabulosos, uma lista de perguntas enigmáticas e até então insolúveis. O rei respondeu a todas, uma a uma, judiciosamente. Impressionada, a rainha declarou: "Rei supremo, sobrepujaste a fama divulgada da tua grande sabedoria".
A seu exemplo, outros reis vinham à corte de Salomão para o consultar e maravilhar-se com a abundância dos seus haveres. Tudo era abundante. Os serviçais, vestidos num luxo espetacular, que surpreendeu a rainha de Sabá, eram inúmeros. Nas estrebarias, 400 cavalos relinchavam, enquanto não atrelados às numerosas carruagens.
O rei Salomão não perdia suas horas livres em ociosidade. Aproveitava esse tempo para elevar o espírito às regiões espirituais, filosóficas e poéticas. Do fausto do seu reinado restou para a posteridade o legado de um tesouro imperecível - os "Provérbios", "Cântico dos Cânticos" e "Eclesiastes". No primeiro, tinha como tema recorrente o temor a D'us. Tinha consciência de que a sabedoria perderia seu sentido se não fosse guiada, especialmente em termos éticos e morais, pelo temor a D'us - somente adquirido através do estudo da Lei e da prática de atos de bondade. Nisto, era pródigo. E D'us, Todo-Poderoso, deu-lhe provas de o perceber. Pois que foi Salomão um dos três homens na história a quem D'us prontamente atendeu. Durante a dedicação do Templo, rogou que D'us respondesse às preces dirigidas ao Templo, Sua Morada. E eis que dos Céus desce uma coluna de fogo, consumindo as oferendas colocadas em sacrifício - um sinal do atendimento Divino a seu pedido.
Das suas observações sobre o desenrolar dos tempos, concluiu que "nada é novo debaixo do sol" e, deplorando a frivolidade humana, declarou: "Vaidade de vaidades. Tudo é vaidade".shalom.

OR QUE OS CRISTÃOS PODEM ESTUDAR A TORÁ (LEI)?



 
O estudo semanal da Torá e Haftará é algo muito antigo, datando da época do pós- exílio dos judeus na Babilônia, quando surgiram as primeiras sinagogas. Até então só havia o Templo, onde se realizavam as oferendas e sacrifícios a D’us pelos sacerdotes e levitas. O Templo era também o lugar onde se lia e se estudava a Torá e os demais livros das Escrituras. No tempo de Esdras e Neemias, o estudo da Torá foi restaurado. A Torá, também conhecida como “Chumach” ou Pentateuco, se compõe dos cinco primeiros livros da Bíblia, e foi dividida em porções que eram lidas e ensinadas ao povo , semanalmente, a cada sábado.

A partir do ano 130 a.C, os Fariseus ampliaram a restauração dos ensinamentos da Torá ao povo. Assim, quando Yeshua iniciou seu ministério, anunciando as Boas Novas, a classe sacerdotal e o povo podiam entender e discernir sua mensagem com base nos princípios da Torá.

Creio, pessoalmente, que estamos novamente numa época de restauração da Torá, tanto para os judeus, quer messiânicos ou não, como para os crentes não judeus, pois estamos vivendo um tempo de advento para a segunda vinda em glória do Messias Yeshua como Rei dos reis.

Na verdade, o que preservou a fé judaica, a língua hebraica, a cultura e as tradições desde aquela época, foi o ato de se estudar a Torá a cada sábado, pelos menos por uma pequena parte dos judeus religiosos que viveram e ainda vivem na diáspora. 

Yeshua, seus discípulos e depois os seus seguidores da Igreja primitiva, estudaram a Torá até meados do século IV, quando Roma avocou para si a primazia e divulgação da religião cristã, a qual passou a ser denominada de Católica ou Universal, (período posterior ao Imperador Constantino). Nesta época, a igreja (que até então vivia segundo o padrão e características do primeiro século), começou a perder suas raízes judaicas, distanciando-se cada vez mais delas. Esta não foi uma decisão isolada de algum líder da Igreja, mas um processo de distanciamento através de muitos Concílios, Encíclicas dos Pontífices e de líderes da época. Na minha opinião, na maioria das vezes, este distanciamento de Israel e dos princípios da Torá não foi em sua totalidade intencional, mas o afastamento ocorreu como conseqüência do posicionamento da igreja. Por exemplo, se a igreja Católica tivesse dado prosseguimento ao estudo semanal da Torá como faziam os apóstolos, jamais teria permitido o culto e as orações aos mortos, às imagens, a guarda do domingo e outras doutrinas, pois tais ensinamentos são radicalmente antagônicos à Torá. 

Creio que estamos dando início a um grande avivamento aos membros do Corpo de Cristo. Tal avivamento virá à medida que a própria Igreja descobrir e restaurar esta originalidade perdida, suas raízes e contextos judaicos da fé. Isto não significa “judaizar” a igreja ou forçar um gentio crente a viver como judeu. Em hipótese alguma isto é permitido pela Bíblia. Mas todos os crentes podem resgatar e se beneficiar de várias outras bênçãos dadas por D’us a Israel, mas que através de Yeshua se tornam extensivas a todos os crentes, segundo o enxerto descrito por Paulo em sua carta aos Romanos, no capítulo 11. A esse respeito falaremos mais adiante no decorrer de nossos estudos.

O Judaísmo Messiânico hoje no Brasil já é uma realidade, e deve servir de “ponte” entre Israel e a Igreja. Ao mesmo tempo em que alcança judeus na crença no Messias Yeshua (Jesus), motiva estes a não perderem sua identidade judaica como povo escolhido, uma vez crendo nos ensinamentos do Novo Testamento. Além disso, os judeus messiânicos podem ajudar a Igreja gentílica a conhecer os princípios bíblicos e judaicos da Igreja do primeiro século, levando-a à restauração das raízes da fé cristã. 

Assim, iniciamos em 1997, em Belo Horizonte, o estudo semanal da Torá para alguns judeus crentes e para todos os irmãos e irmãs, judeus ou não-judeus, que desejassem restaurar os princípios bíblicos e judaicos vividos pela Igreja do Primeiro Século, nos moldes adotados pelos apóstolos e discípulos de Yeshua. Desde então, nunca ficamos um sábado sequer sem estudar a Torá. Várias denominações cristãs e evangélicas, além das Congregações Judaico-Messiânicas, têm sido abençoadas através de nossos estudos em apostilas, fitas cassetes e cds. Porém, sentimos o dever de ampliarmos este precioso estudo a todos, de maneira que não alcancemos somente os líderes religiosos, mas também os crentes interessados na restauração das raízes bíblicas e judaicas da fé nos moldes do primeiro século.

Creio estarmos entrando num tempo de grande renovação e restauração. A igreja de Yeshua não necessita mais de reforma, na minha opinião. Ela já foi reformada por Lutero, Calvino, Moody, Wesley e outros grandes homens de D’us. O que a igreja precisa hoje é de voltar às suas raízes, ao padrão do primeiro século descrito no livro de Atos e em toda a Bíblia. A isto chamamos “Restauração”, ou seja, viver os mesmos princípios que foram promulgados pelos apóstolos e discípulos de Yeshua. Entender a Bíblia no contexto judaico é a base de todo este processo de restauração. Restaurar é voltar ao início, à originalidade dos princípios da fé. A doutrina da Torá, vivida por Yeshua e por todos os seus seguidores, constitui a base desta restauração que estamos propondo. A volta à fé pura, genuína e de grande espiritualidade e poder. É isso que estamos propondo, re-introduzindo a Igreja, o Corpo do Mashiach, aos princípios bíblicos da Torá. 

O estudo das Escrituras tem trazido conhecimento, enriquecimento e grande libertação em nosso meio. A Bíblia, do primeiro ao último livro, foi inspirada pelo Espírito Santo de D’us na mais plena sabedoria divina. Se tivermos intimidade com esta palavra, crendo nela e vivendo-a intensamente, seremos beneficiados por ela, vencendo obstáculos e adversidades, alcançando o sucesso e a prosperidade a cada dia. Se cremos realmente que D’us criou o homem à sua imagem e semelhança, então, nossa responsabilidade e maturidade têm que diferir em muito de uma pessoa descrente ou daquela que desconhece a Palavra de D’us. Quando estudamos a Bíblia sob este prisma, nossa mente se abre, passando a interagir com a mente Divina, o que nos leva a um esvaziamento do nosso próprio conhecimento humano para sermos preenchidos pelo conhecimento divino e supremo. A Torá foi, é, e sempre será o livro que por excelência foi escrito pelo próprio “dedo” de D’us. 

Somos luz para brilhar não onde já existe luz, mas nas trevas. A luz no ambiente luminoso não causa nenhum efeito. Então, quando aprendemos a Palavra de D’us, estamos nos qualificando para que a Sua natureza seja refletida em nós. É necessário que nos esvaziemos do nosso brilho opaco para que a Sua luz possa brilhar com maior intensidade e qualidade em nós, sobretudo, através de nós. Esta luz de D’us vai brilhar à medida que participamos do estudo, do ensino e de uma maior compreensão da Palavra de D’us. O profeta Oséias disse: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento (da Palavra de D’us – Os 4:6)”. D’us está levantando uma igreja santa, madura, forte, composta de homens e mulheres corajosas. 

Gostaria também de esclarecer ao Leitor que este estudo da Torá requer que tenhamos pelo menos uma base e experiência com a Palavra viva de D’us. Yeshua disse: ... em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de D’us.”( Jo 3:3). É deste nascimento espiritual que estamos tratando. Não basta ser religioso ou ter títulos religiosos; é necessário além do conhecimento, ter sido mudado, transformado e experimentado pelo poder que há na Palavra de D us.

O que significa a Palavra Torá?

A palavra Torá, em hebraico, significa “ensino”, “instrução”, e equivale aos cinco primeiros livros da Bíblia: Bereshit (Gênesis), Shemôt (Êxodo), Vaykra (Levítico), B’midbar (Números), D’varim (Deuteronômio). No grego, esses cinco livros são conhecidos como “Pentateuco”.

A palavra Haftará é a Leitura conclusiva da Torá, em que são lidos os livros dos “Ketuvim” (livros da sabedoria e históricos como Provérbios, Salmos, Cantares, Reis, Crônicas, Josué, etc.) e os “Neviim” ou seja, os livros dos profetas. 

Para nós messiânicos, não há como estudar a Torá ou a Haftará, sem complementá-las com os evangelhos e com os demais livros do Novo Testamento - B’rit Chadashá. O estudo deve ser conclusivo, e só pode ser verdadeiro na “graça”, que o complementa e viabiliza seu real cumprimento profético. A graça completa o propósito de D’us. A própria Torá seria incompleta sem a graça. Costumo dizer que a graça sem o conhecimento da Lei fica “sem graça”, pois tudo se completa e se cumpre em “Yeshua Há Mashíach” (Jesus, o Messias), a “graça personificada de D’us”. Se estudamos a Torá juntamente com a graça, iremos alcançar o propósito final de D’us que está em Yeshua. O maior propósito de D’us para nós está em Romanos 8:29 : “ter filhos semelhantes a Yeshua”.

Então, devemos entender os princípios existentes por de trás de cada Lei dada por D’us, juntamente com a Sua graça. No Messias, nós tomamos posse das promessas de Abraão, ou seja, entramos na Lei mediante a graça (Gálatas cap.3). Temos direito às antigas e às novas promessas. “Promessa” significa também “testamento”, herança, bênçãos. O Messias é o Amém de D’us. Tantas quantas forem as promessas de D’us, todas elas se cumprem na pessoa do Messias Yeshua, como a salvação, a vida eterna, a saúde, a paz, a prosperidade e tantas outras. Os livros do Novo Testamento foram escritos com base na Torá e nos demais livros da Tanách. Como exemplo disto, basta citar o último livro da Bíblia, Apocalipse, onde dos 406 versículos, encontramos 278 como repetição da Torá, isto é, mais da metade do livro de Apocalipse.

Para nós, judeus messiânicos, não há sentido em dividir as Escrituras em “velho” ou “novo” testamento, pois nada se tornou velho e nada foi transformado em novo. Paulo diz em sua carta a Timóteo que toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça... ( I Tim 3:16). Em Romanos, o mesmo Paulo diz: Toda a Lei é santa, o mandamento santo, justo e bom...( Rm 7:12). Para nós, existe claramente a primeira aliança que consolida Israel como povo escolhido pelas Leis do Sinai, e a segunda aliança, estabelecida no Gólgota, onde Yeshua venceu a morte. A fé em Sua pessoa possibilita a salvação a todo aquele que Nele crê. 

A Torá está dividida em 54 porções, correspondentes às semanas do ano judaico, que seguem o sistema lunar e não o solar, ajustado por São Gregório. Cada porção é chamada de Parashá. Para cada porção, há uma Leitura complementar extraída de outro Livro do Antigo Testamento. Esta Leitura complementar é chamada de Haftará. Quando Yeshua foi à sinagoga e leu o trecho do profeta Isaías (Lucas 4:16 e Isaias 61:1), o que Ele fez na verdade foi ler a porção da Haftará daquela semana. Já era assim nos dias de Yeshua, só que Ele era o cumprimento da Lei. Não havia o Novo Testamento; Ele era o próprio Novo Testamento. Yeshua, como bom judeu, sabia que naquele dia seria lida a Haftará sobre o Ungido, e então declarou ser Ele o Messias do qual o texto de Isaías se referia. 

Cada Parashá se inicia com uma palavra. Esta palavra inicial é chamada de “palavra-chave” da Parashá, pois se prestarmos atenção toda a porção vai girar em torno dela ou terá de uma forma direta ou indireta uma correlação com ela, como se nela estivesse centrada a mensagem daquela porção. 

O ciclo de estudos se inicia no mês de Tishrei, quando se celebra “Rosh Hashanah”, o ano novo Judaico que geralmente cai em setembro, no calendário romano. O dia em que se inicia a Leitura anual das porções da Torá chama-se “Simchát Torá” (Alegria da Torá). Lembremo-nos que a Bíblia segue o calendário lunar, que é muito mais prático e de fácil entendimento quando se tem em mente os ciclos agrícolas. Assim, todas as Festas Bíblicas seguem o ciclo agrícola e o calendário lunar. 

A carta de Paulo aos Gálatas permite que nós, na graça, possamos usufruir das bênçãos da Lei. É até certo ponto compreensível que o cristão tenha certo preconceito quanto à Lei, pois foram recebidas muitas informações, ao longo de vários séculos, não coerentes com os princípios da Torá. Por exemplo, o primeiro Concílio de Nicéia (325 a.C), deu oficialmente início a separação entre a Igreja e Israel, e entre os judeus e os cristãos. Marcião, bispo católico, chegou a afirmar que todo cristão que portasse algum símbolo judaico, seria culpado pela morte de Yeshua. O diabo sabe que Yeshua voltará, como também sabe que as portas do inferno não prevalecerão contra a verdadeira Igreja. O diabo sabe que a vinda do Messias é a sua consumação. Sabe que cada “Yud” (menor letra do alfabeto hebraico equivalente à letra “i” em português) da Lei deve ser cumprido. Sabe que Yeshua voltará para Israel e que os judeus O reconhecerão como o Messias, sendo salvos conforme os textos de Zacarias cap 12, Romanos cap 11, Efésios cap 2, Tiago cap 5, Oséias cap 6, Joel cap 2, e muitas outras profecias. O diabo sabe que se o povo judeu como um todo se converter a Yeshua, haverá vida entre os mortos ( Rm 11:15). A volta de Yeshua é eminente, e na batalha do mundo espiritual, surgiu o movimento anti-semita, que é um movimento contra a restauração de Israel e o regresso do povo judeu à sua terra. Ele nada mais é do que uma oposição e protesto do inimigo contra o plano divino. Não se precisa ir longe na história. Na época das Cruzadas, organizadas inicialmente para reaver os lugares sagrados da Terra Santa e tirá-los das mãos dos muçulmanos, não encontrando mais muçulmanos, os cristãos se voltaram contra os judeus. Isto durou de 1096 até a última Cruzada, em 1281. Muitos judeus foram mortos, os lugares santos tomados e houve uma perseguição ferrenha contra eles, tidos como raça ruim e responsável pela morte de Yeshua. O movimento medieval dos cristãos, obrigou os judeus a usarem chapéus com três pontas, o que os diferenciavam dos demais cidadãos, além de publicarem horrendas caricaturas de judeus comparando-os com o próprio demônio. Quantos não se lembram do sábado de aleluia, quando um boneco de pano representando Judas Escariotes, o traidor de Jesus, era queimado representando a vingança contra o povo judeu pela morte de Cristo? Infelizmente, pode-se observar que o anti-semitismo esteve e ainda está enraizado na mente de muitas pessoas. O diabo pensava que podia colocar a igreja contra Israel. Mas a igreja ainda é poderosa para orar e contribuir para que o povo judeu receba seu verdadeiro Messias, fato este que dará início ao reino de D’us.

Mas por que D’us escreveria a Torá?

Um pensador chinês do século passado[MMG1] [1] que acreditava na Bíblia, tenta responder esta pergunta apresentando pelo menos cinco fundamentos lógicos:

- Primeiro: neste livro encontraríamos em algum lugar D’us dizendo ser o seu próprio autor;

- Segundo: este livro deveria conter um alto padrão moral;

- Terceiro: este livro falaria do passado, do presente e do futuro;

- Quarto: daria ao homem respostas às grandes dúvidas sobre o universo, a criação, o por quê de tudo, o sentido da vida, etc.;

- Quinto: Ele próprio daria uma solução definitiva e eterna para o homem.

Os 66 livros que compõem a bíblia foram escritos num período aproximado de 1.500 anos por 40 autores que viveram em épocas diferentes, tinham idades diferentes, cultura, profissão e grau de instrução dos mais variados. Eles conseguiram registrar fatos, princípios e Leis que não só trazem qualidade de vida para a humanidade, mas apresentam uma solução e uma resposta final para a eternidade do homem, não escondendo em momento algum suas fraquezas, seus questionamentos e erros de uma mente humana.

Por que só a Bíblia é verdadeira, dentre os livros de outras religiões?

O assunto seria muito vasto para tentar responder a esta pergunta. Mas, vamos analisar pelos menos três das maiores religiões e seus líderes à luz destes cinco fundamentos lógicos citados anteriormente.

Nem Confúcio, Buda ou Maomé citam em momento algum em seus escritos a frase: “Assim diz o Senhor D’us(...)”, afirmando ser o próprio D’us o autor de seus livros.

Sabemos que nos livros dos pais das grandes religiões, podemos encontrar princípios que ajudam e até colaboram para a melhoria da qualidade de vida da humanidade. Não os estamos questionando sob este ponto de vista. Mas, será que eles atendem pelo menos aos cinco fundamentos citados, explicando o passado e o futuro da humanidade, preservando-se o alto padrão moral, afirmando ser D’us o próprio autor de seus ensinamentos? 

Imagine que uma certa religião ensine que se alguém quiser se tornar mártir deverá matar a si mesmo além de outras pessoas não membros de sua religião, pois assim estará realizando um ato de bravura e de heroísmo ao seu deus. E como prêmio, irá direto para o paraíso onde será recebido por dezenas de virgens que irão satisfazer todos seus desejos e prazeres carnais. Será que este ensinamento foi inspirado por um D’us criador da vida e detentor de um alto padrão moral? Será que tirar a própria vida, incluindo a de pessoas inocentes em nome da defesa e da honra de uma religião, tem realmente uma origem divina?

Mas, vamos supor que exista uma coletânea de livros chamados de Bíblia, que foram realmente inspirados por D’us. Como será que este livro conta a origem das plantas, dos animais e acerca do homem? 

A Origem da Torá

Será que Moisés escreveu a Torá de sua própria mente? A Bíblia diz que o dedo de D’us foi usado para escrever as tábuas de Lei. D’us ordenou que Moisés descesse o monte Sinai com as tábuas da Lei, que Ele mesmo escrevera, usando a concisa língua hebraica. Em tudo há um propósito de D’us. Ele escolheu um povo, o tirou do Egito, libertou esse povo, usou profetas para falar-lhe, trouxe o Messias no devido tempo e agora Yeshua está voltando e a igreja cristã como um todo não tem entendido bem seu papel e suas próprias raízes e origens e nem mesmo a própria Torá no seu contexto profético e escatológico, como veremos a seguir.

Ninguém pode entender e se aprofundar no estudo da Torá, sem limpar sua mente dos conceitos pré-estabelecidos, de pensamentos e atitudes Anti-semitas. A Torá fala do Messias Yeshua, que veio e que volta para Israel. Ele estará pisando na cidade do grande Rei, Jerusalém. É evidente que Ele não volta para Nova York ou Paris ou São Paulo. A fé que a Bíblia nos ensina é algo dentro do contexto profético e característico do povo judeu. Portanto, a fé cristã não tem origem americana, brasiLeira, francesa ou japonesa, a fé nasceu no contexto judaico. Os 40 autores da Bíblia, exceto Lucas, são judeus e escreveram numa língua ditada por D’us, chamada hebraico, que traduz o Seu pensamento. Yeshua é judeu, os discípulos e os apóstolos também o eram. A Bíblia é uma expressão da cultura e do pensamento judaico, da história e das antigas tradições. No entanto, quantos conceitos pagãos ainda fazem parte do pensamento cristão os quais não têm nada a ver com a cultura bíblica/judaica. Não podemos esquecer que a Bíblia é um conjunto de livros judaicos, escritos dentro da cultura e características do povo hebreu.

O apóstolo Paulo diz em sua carta aos Romanos, comparando Israel com uma oliveira, que alguns ramos foram quebrados e que os gentios foram enxertados no lugar deles, sendo eles (gentios), feitos participantes da raiz e da seiva desta oliveira. Que lindo propósito de D’us, pois através do Messias Yeshua todos podem ser enxertados nesta oliveira, o Israel de D’us. Evidentemente, diz Paulo ainda no capítulo 11, os judeus não permanecerão na incredulidade do Messias, e serão re-enxertados nesta Oliveira. “Se a rejeição dos judeus ao Messias foi bênção para o mundo gentílico, quanto mais será agora com a sua conversão. Por acaso não haverá ressurreição dos mortos?” ( Rm11:15). Se a Bíblia aqui se refere à ressurreição dos mortos em Yeshua, à trombeta tocando, às sepulturas se abrindo, então Yeshua voltará quando os judeus O reconhecerem como o Messias.

O diabo sabe que a única autoridade oficial delegada por D’us na terra, que pode gerar a conversão de Israel e fazer com que a oliveira velha e cansada possa produzir novos frutos na graça, é a Igreja de Yeshua. E sabendo disso, ele semeia o anti-semitismo, algo que vem do inferno para afastar a Igreja de Israel. Por isso, em minha opinião, não há sentido falar da volta de Yeshua sem mencionar que haverá uma Igreja madura capaz de despertar ciúmes em Israel, gerando a sua salvação. D’us, no controle de todas as coisas, já estabeleceu que de Sião virá o Libertador e Ele desviará de Jacó as suas impiedades, pois o endurecimento que em parte veio sobre Israel se findará quando a Igreja gentílica entrar em sua plenitude, ou seja, atingir a qualidade e maturidade de uma fé inabalável, refletindo a imagem e a estatura de um Varão Perfeito, do próprio noivo Yeshua. Quando a igreja gentílica entrar nessa plenitude do conhecimento da Palavra, tomando posse de toda a Escritura, aí sim Israel (não necessariamente “todo” Israel, mas grande parte), isto é, os judeus, vão se arrepender e receber Yeshua como seu Mashiach, sendo salvos. Ai daquele gentio crente (que foi enxertado na oliveira) que se ensoberbecer, desprezando e ignorando o chamado irrevogável que D’us firmou com Israel! O capítulo 11 de Romanos é bastante claro para que todos nós possamos tirar dele grandes revelações e propósitos. 

Por que um cristão pode estudar a Torá, se ele já se encontra na graça? 

É bom que se esclareça que a Torá não substitui a obra do Calvário, ou seja, não há substituição da aliança do Sinai pela nova aliança feita no Gólgota, cujo objetivo final é de salvar ou redimir o homem caído pelo pecado. Isto se faz através da obra da cruz, ou seja, Yeshua como sacrifício vivo que morreu para salvar a humanidade, ou melhor, para salvar todo aquele que Nele crê. Isso a maioria dos cristãos entende muito bem. Então, para que estudar a Torá uma vez que já alcançamos a graça do Calvário? Além da Torá confirmar e nos ensinar sobre este tremendo sacrifício (D’us enviando seu próprio Filho para morrer em nosso lugar, nos resgatando da maldição do não cumprimento da Lei), D’us deseja que toda pessoa salva continue a andar no Caminho e na vontade Dele, restaurando as áreas ainda não totalmente restauradas de suas almas. Se qualquer um de nós, no momento em que passamos a crer em Yeshua, tivéssemos automaticamente uma restauração plena de nosso caráter e das falhas de nossa personalidade, não haveria necessidade de se estudar a Torá, pois a graça do Gólgota seria suficiente. Deixe-me explicar melhor. Se D’us desejasse somente a vida eterna para o homem, bastaria que crêssemos em Yeshua para morrermos logo em seguida, partindo para a eternidade. Mas, na prática, nos convertemos a Yeshua e continuamos a viver nesta terra, no meio de grandes adversidades e problemas. É incrível, mas D’us nos dá uma nova natureza para continuarmos a viver num “deserto” ou num “Egito”, no meio de homens maus, num mundo cheio de violência, roubo e corrupção. Aqui está a grande chave de se entender a Torá, estando já gozando de uma nova vida no Messias Yeshua. Apesar do novo nascimento no espírito, não alcançamos ainda um caráter sadio, plenamente restaurado. Por isso, David no Salmo 19 diz: ... “A Lei do Senhor é perfeita e restaura a alma.” D’us deseja que os princípios da Lei encontrados na Torá sejam nosso limite, como se fossem uma cerca para nos proteger e nos livrar do contágio com este “deserto”, o mundo que jaz no sistema do maligno. Em outras palavras, os princípios da Torá nos trazem qualidade de vida. Este é o motivo pelo qual nós, crentes em Yeshua, estudamos a Torá.

D’us não está preocupado com o legalismo da Lei, mas sim com o seu princípio

Muita gente pensa que uma vez alcançada a graça, não há mais necessidade de se conhecer acerca da Lei e dos princípios da Torá. Yeshua não veio para revogar a Lei, mas para cumpri-la, diz o evangelho de Mateus (Mt 5:17). Yeshua e os apóstolos nos ensinaram que D’us não deseja legalistas, fanáticos ou hipócritas vivendo sob o peso da Lei. A Torá se resume no amor a D’us e ao próximo. Se não existir o amor, Paulo nos ensina que as Escrituras perdem o sentido. O evangelho ensinado por Yeshua sempre se baseou nos princípios da Torá. Assim, se praticamos a Lei judaica dos dízimos e ofertas, devemos fazê-los com amor e liberdade, e não como uma Lei que nos obriga e nos oprime. Aí está a diferença que muitos crentes não entendem. A Torá nos ensina sobre o livre arbítrio, o exercício de nossa liberdade. Ela nos ensina como vivermos a cada no incomensurável amor divino, onde os filhos se relacionam verdadeiramente com o Pai. Assim, podemos ver a Torá como um livro não exclusivo do povo judeu, mas como “o livro de cabeceira” do crente, onde ele aprenderá Leis que lhe trarão benefícios e muito senso de justiça para com o próximo. Desde o simples ato de aprender sobre as Leis alimentares dadas por D’us, até um posicionamento justo para indenizar um irmão lesado, ou ainda, como indenizar com justiça um empregado que trabalhou para nós; tudo isto é tratado em profundidade na Torá. A Torá trata dos aspectos práticos da vida.

Aquele que se julga perfeito perante D’us, sem defeitos ou fraquezas, não precisa estudar a Torá.

Um erro teológico do cristianismo: a graça anulou a Lei

Romanos 10:4 diz: “Pois Cristo é o fim da Lei para justiça daquele que crê”. Em outras versões temos: “pois o fim da Lei é Cristo”. A palavra “fim” no grego é “télos”, a qual não tem o significado de “destruir”, “exterminar”, “findar” ou “terminar”. O sentido principal dessa palavra é “cumprir” (Lc 22:37 e I Tm l:5). Então, o cumprimento da Lei é Cristo, ou seja, n’Ele cumpriu-se toda a Lei. Gálatas 3:13: “Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” Portanto, entendemos que o “resgatar da maldição da Lei” não quer dizer que a Lei seja maldita, mas sim, que o não cumprimento da Lei gera maldição. A graça não anulou a Lei e na Lei encontramos também a genuína graça de D’us. É claro que a maior de todas as graças é D’us perdoando nossos pecados através do Messias que verteu seu sangue por nós. Mas vemos também a graça de D’us presente na Torá: quando o Mar Vermelho se abriu, quando o Maná caiu do céu, ou simplesmente o fato dos hebreus terem chegado vitoriosos à terra de Canaã. 

Se a humanidade praticasse, pelo menos três das Leis do Decálogo, como por exemplo: não matar, não furtar e não adulterar; os presídios estariam praticamente vazios e o mundo vivendo quase num paraíso. Assim, não será difícil entender que o mundo precisa conhecer a Torá. Agora imagine se o mundo conhecesse e praticasse as Leis da Torá e que toda natureza humana passasse pelo novo nascimento pela fé em Yeshua, estaríamos realmente vivendo num paraíso. Mas, D’us não desistiu do homem, aquele que fora criado à Sua imagem e à Sua semelhança. Haverá ainda um dia em que o Messias voltará e implantará o reino de D’us nesta terra, julgando as nações e os povos.

A Lei e os tipos de Leis

A palavra Lei, “Dat” () no hebraico, tem sentido genérico. Esta Lei engloba os mandamentos, estatutos e ordenanças, como veremos a seguir. Conhecer profundamente o significado destas palavras, as quais creio ser uma grande revelação, certamente trará muitas e muitas bênçãos para nossas vidas. 

Há vários tipos de Leis no contexto judaico, como: as Leis de cunho cerimonial”, “moral” e “ética”, as Leis circunstanciais (que valeram para aquele período de travessia no deserto), as Leis alimentares, as Leis referentes ao trabalho, as Leis indenizatórias, etc.

A “Lei cerimonial” se ocupava do sacrifício de bodes, cabritos, touros e cordeiros para remissão dos pecados. Será que ainda precisamos sacrificar bodes ou cabritos? Não! Porque o Cordeiro de D’us, que é Yeshua, foi imolado por nós como sacrifício eterno.[2] Então, a Lei cerimonial para remissão de pecados não procede mais, pois Yeshua a cumpriu de maneira absoluta, sendo o redentor da humanidade. 

Os dez mandamentos contidos nas Tábuas da Lei, são bons exemplos da chamada Lei Moral. As leis morais são leis para toda a humanidade. Os homens não deveriam jamais matar, furtar, ou cobiçar os bens de seu semelhante. Mesmo crendo em Yeshua, este tipo de Lei jamais foi anulada, e ainda continua sendo válida para o crente. Na verdade, Yeshua trouxe as Leis do decálogo a um nível muito mais nobre quando disse que odiar um irmão era o mesmo que assassiná-lo, ou ainda, o olhar para uma mulher com olhares impuros, já constituía um ato de adultério. Dependendo do prisma que olhamos a graça, ela está num nível muito mais elevado do que os mandamentos da Lei, exigindo de todos nós um maior grau de renúncia e padrão moral.

Já a “Lei ética” nos ensina sobre as coisas práticas do cotidiano, como o relacionamento entre familiares e com o próximo. As Leis que preservam a saúde, por exemplo, nos ensinam a lavar as mãos para comer e a separar os alimentos entre os bons e os impuros. Estes são alguns exemplos de Leis éticas alimentares. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam”(ICo10:23). Aspectos indenizatórios, justiça aos empregados, a maneira de se relacionar com os outros, como trabalhar de maneira equilibrada em eficácia e com eficiência, são outros exemplos das Leis éticas. Yeshua jamais anulou estas Leis. Pelo contrário, Ele recomendou-as a todos.

Devemos nos preocupar com os princípios e propósitos de D’us, e não com a religião do homem. Sem fé é impossível agradar a D’us.“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”(Cl 2:16) 

Em Lucas 4:16, vemos o costume de Yeshua de estudar a Torá aos sábados. Não podemos ser negligentes nem ignorantes acerca da Lei de D’us. Claro que somos livres para receber a Palavra de D’us como ela é, na íntegra e sem parcialidade, sem retirar nem acrescentar nada. Nós estamos em um projeto de restauração, e o que queremos não é trazer mais confusão e novas doutrinas, mas sim, nos voltarmos à qualidade da fé e, sobretudo, aos princípios bíblicos e judaicos vividos e promulgados pelos apóstolos do primeiro século. Independente da evolução do homem ou do mundo, a Palavra e os princípios de D us continuam imutáveis e eternos. 

Finalmente, devemos estudar a Torá tendo em vista que é impossível esgotar todo o entendimento e sabedoria que ela nos traz. Assim, sendo D’us de infinita sabedoria, soube Ele nos revelar esta sabedoria. Há segredos e muitos tópicos ainda ocultos na Torá, que entenderemos somente no tempo do Eterno e através de Seu Santo Espírito. Portanto, com humildade digo que este livro tem o propósito de apenas abrir nossos corações para algo infinito e eterno que vem do próprio Criador de todas as coisas.
 

(*) Marcelo M. Guimarães