18 de fev. de 2012

Análise Superficial de Colossenses 2:16-17

Colossenses 2.16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.



Primeiro, qual é a definição de formação de uma sombra, vejamos: Assim como uma luz projeta no plano uma delimitação estilizada de um corpo, de mesma maneira D-us o Pai das Luzes, revelou pela sua Palavra através de procedimentos e cerimônias a delimitação profética daquilo que se manifestaria e ainda há de se manifestar na vida e obra corpórea de seu Filho Yeshua HaMashiach. Vemos portanto que alguns elementos dados por D-us através da entrega da Torah no Sinai serviriam para preparar o entendimento dos Filhos de Israel de uma forma bem didática para o que significaria os acontecimentos na manifestação do Filho de D-us de forma corpórea, os preparando paulatinamente para compreender os acontecimentos futuros e aguçar as suas esperanças na manifestação da misericórdia de D-us (como o próprio nome de Yeshua significa, a manifestação em pessoa da Salvação Divina). 

Vejamos portanto, alguns elementos da Torah (Instrução de D-us) que serviriam como sombras que mostram a delimitação de um corpo no plano, o principal deles é o Sacerdócio Levitico e a oficialização deste nos atos para perdão e purificação de pecados. Vemos que tanto no oficio diário de oferecimento de sacrifícios para perdão de pecados individuais conscientes, como na aspersão das cinzas da novilha vermelha para perdão de pecados individuais inconsciente ou chamados “por ignorância” como também no dia do perdão de pecados da coletividade no Yom Kippur, há a necessidade de derramamento de sangue inocente para cobertura destes pecados e há a necessidade de um intercessor que faça a mediação entre D-us e aquele que arrependido dos seus atos, oferece o sacrifício daquilo que lhe é caro, daquilo que lhe custa algo.

Corações abertos à plenificação do entendimento da Torah compreendiam que estas sombras especificadas acima não eram o corpo em si mas sim representações transitórias daquilo que haveria de se manifestar, mas nem por isso perdiam seu valor, seja o valor de mostrar por delimitações estilizadas, que em suma permitiria que aqueles que se deparassem com o objeto revelado que outrora fora projetado não se enganassem com falsos objetos revelados que por não terem a delimitação idêntica a da sombra projeta poderiam ser facilmente descartados, ou pelo valor imediato de confiança antecipada no caso específico do sacrifício, pois quem tivesse a compreensão do futuro por revelação divina ainda assim sacrificaria animais para perdão de pecados e purificação não se atendo ao ato em si mas sabendo da representatividade daquilo que se manifestaria, em outras palavras o pecador que por revelação divina deslumbrou o sacrifício perfeito de Yeshua, ainda sacrificaria animais pela necessidade de derramamento de sangue estipulado por D-us, mas teria a intenção em tal ato não a de confiar no ato em si, mas sim a intenção de dar uma espécie de cheque pré-datado pelo arrependimento de seus delitos, cujo o saldo somente seria positivo para a compensação do cheque na justificação proveniente do derramamento de sangue do cordeiro perfeito, a saber Yeshua, que ao mesmo tempo que é o sacrifício é também o mediador do sacrifício perfeito, sendo que não é mortal e perecível como os Sumo-Sacerdotes terrestres que em certa data morriam por seus pecados, tendo que ser substituídos, sendo assim se institui um ordem sacerdotal perfeita, pois não mais precisa oferecer sacrifico por si, e eternamente media a relação do homem com D-us, e é disso que se trata Hebreus 8 à 10. 
Avraham e Davi contemplaram a vinda e obra do Mashiach e se regozijaram (João 8:56), conseguiram ver o objeto cuja as sombras delimitavam.

Agora que sabemos o valor e o motivo das sombras voltemos analisar o texto de Colossenses 2, dentre as inúmeras fórmulas mirabolantes de se tentar entender o texto eu fico com a mais simples, que é a de ler o texto de forma imparcial sem pré conceitos formados, então lemos Colossenses 2.16 “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; mas o corpo é de Cristo.” Pensemos como se eu fosse um judeu do primeiro século crente em Yeshua como Mashiach ou um gentio também crente em Yeshua que se achegou a comunidade de Israel e não visse problema algum em se adotar a forma de se interpretar as Santas Escrituras como um judeu o fazia, e ouvisse Shaul (Paulo) me dirigindo estas palavras eu simplesmente entenderia que não é para eu deixar de ser judeu e largar toda a minha bagagem cultural e histórica ou como gentio que queira adotar os princípios judaicos de vida, pois Shaul simplesmente esta me dizendo que não é para eu me preocupar com o julgamento alheio sobre a forma de eu comer, beber ou a forma de eu celebrar as datas festivas de Israel, pois se baseando no entendimento de que as sombras tem valor e um propósito estabelecidos por D-us, e por isso Ele as determinou como estatutos perpétuos no meio de seu povo e dos estrangeiros que se achegam ao convívio, portanto vemos no texto, Shaul dizendo que se alguém me julga por estas coisas que são sombras de acontecimentos que haviam de vir, imagine o como estas pessoas que estão a me julgar por sombras estão afrontando o corpo que projeta e delimita a sombra, corpo este que é o do Mashiach, notemos que no verso 17 no original não tem a presença muito comum em diversas traduções do termo “apenas” sombras, como que numa forma de minimizar ou dar um ar medíocre à sombras.

Em Resumo o texto não da embasamento para se afirmar a abolição de alguns mandamento seja ele a da Kashrut (Dieta Judaica) de Levítico 11 e Deuteronômio 14, ou a da terminação das festas e dias como de Levítico 23 e referências ao Shabat, mas também não da base para a imposição de tais mandamentos aos Gentios crentes em Yeshua como o Mashiach.

Ao repararmos na continuação do texto dos versos 18-23, vemos claramente Shaul dando uma palavra de repreensão aos que se deixavam levar pelos Sábios daquela época principalmente os Ascetas e Gnósticos, no qual por seus ensinos humanos e não dados por D-us como os revelados na Torah, fazem dos fracos na fé, presas fáceis, que se deixam impor jugos pesados como os do ascetismo que dita que o homem para alcançar a pureza deve se abster de comer carne, de casar e que não pode tocar isso ou aquilo, cheios de regras humanas que podem aparentar alguma humildade mas não tem valor algum para refrear as pessoas de agirem de acordo com as concupiscência de sua carne enferma pelo pecado, capacidade esta, que só é dada a quem por meio do arrependimento e confiança em D-us torna-se nova criatura e se caracteriza como Templo do Capacitador o Espírito Santo.

Vemos que tal temática de repreensão é muito parecida àquela feita por Shaul no capítulo 14 de Romanos, na qual os fracos na fé não deveriam ser julgados por adotarem uma dieta vegetariana por terem medo de pecar ao consumirem carne, não existindo no texto nada que leva a abolição dos mandamentos referentes a Kashrut (Dieta Judaica de Lv. 11 e Dt. 14).

Este texto de Colossenses também pode ser usado contra os judaizantes que poderiam impor tanto aos judeus crentes em Yeshua como ao gentios crentes a forma legalista de se observar tais mandamentos, não apenas restrito ao que está na Torah mas sim ao que pela tradição foi incorporada aos mandamentos fazendo deles algo pesado e cheio de regras intermináveis que não serviam para engrandecer ao Nome de D-us mas sim apenas de aparência de fervorosa religiosidade para honra humana daqueles que as impunha ao outros fazendo discípulos lindos por fora mas vazios por dentro ou por não entenderem o que estão fazendo ou por fazerem apenas de aparência sem a real intenção de engrandecer o Nome de D-us.

Termino aqui citando uma velha mas atual recomendação de um Mestre que disse: “ No que diz respeito ao Relacionamento com D-us, impor que as pessoas contrariamente a sua vontade façam o que é correto, em si é errado, pois aquele que faz o bem sem a real intenção de engrandecer O Eterno, comete engano e será julgado por sua conduta equivocada, portanto apenas ensine e viva o que é correto e não imponha nada ao seu próximo, pois O Eterno julga as intenções do coração e não a aparência.

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