2 de out. de 2011

Tempo de rir


Itzchaq
Riso. Esta palavra parece tão pequena mas tem um significado tão grande e quão intensa pode ser a vida de alguém que ri! A tradição judaica associa o riso a Itzchaq e nos fala de conquistas...
“Itzchac nos ensina que, em última análise, o riso da vida vem - paradoxalmente - do trabalho que se auto-anula. Se deseja que escrevam biografias a seu respeito, torne-se um guerreiro. Se está procurando tranquilidade, torne-se pastor. Mas se é o júbilo que busca, seja fazendeiro e cavador de poços. Are e semeie, quebrando o barro de seu mundo para persuadir a vida e fazer brotar o seu solo. Cave, mais e mais profundamente, sob a superfície de sua existência, para extrair suas fontes de deleite.
A tranqüilidade é ótima, mas não é uma razão para viver. O júbilo vem da conquista; das expedições de caça ao dragão da juventude, mas em última análise vem da auto-conquista que é a mais ardente e mais silenciosa batalha da vida. Conhece trabalhadores despretensiosos, calmos, brilhando de alegria interior? Estes são os Itzchacs do mundo.”
Este nome – Itzchaq vem de uma raiz hebraica que tem três significados muito interessantes: tsahaqque significa: “rir; divertir-se, caçoar”. Na raiz temos tsehoq que significa “risada, motivo de riso” e finalmente Itzhaq que significa “ele rirá”.
É muito interessante que a vida deste homem esteja associada ao riso, pois a história de sua família nem sempre refletiu isso e seus pais foram duramente provados até que chegassem ao estágio do “riso fácil”.
Existe um tempo de transição entre a promessa e a concretização da mesma e nem sempre suportamos chegar até o fim deste tempo! Existem pessoas que desfalecem ao longo da caminhada simplesmente por não suportarem – de fato – aquilo que estão vivendo em seu dia-a-dia. Somente quem vivenciou duras experiências em sua vida saberá entender a dor daqueles que estão passando por problemas – seja ele qual for. A dor de cada pessoa é sempre a mais forte e a sua luta é a mais dura por que a dor que esta pessoa sente é única e por vezes insuportável! A dor pode ser física ou mesmo pode ser uma dor causada pela angústia, e esta muitas vezes é reprimida e muito mal entendida... Por isso precisamos entender e ajudar a quem está sofrendo seja qual for o problema desta pessoa, pois estaremos semeando algo para colhermos em nossa caminhada de vida.

Rindo da promessa

“Porque eu a hei de abençoar, e te hei de dar a ti dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela. Então caiu Avraham sobre o seu rosto, e riu-se e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E conceberá Sarah na idade de noventa anos?” Gn 17.16,17
Quantas vezes você já ouviu alguém lhe relembrando sobre as promessas do Eterno em sua vida? Por vezes este “relembrar” não nos traz mais alegria, pois a promessa feita a nós parece tão distante e impossível de acontecer que por vezes agimos como Avraham e rimos da promessa que nos é feita pelo Eterno. No caso dele haviam muitas “barreiras” humanas que precisavam ser transpostas para que a promessa se cumprisse.
O Eterno quando fala com Avraham acerca de Sarah diz que a abençoaria e que daria a ele – Avraham – um filho dela. Isso está dito aqui por que ele já tinha um filho de Agar, mas este não era o filho dado pelo Eterno; seu nascimento fora permitido pelo Eterno mas sem uma promessa atrelada a este filho! A argumentação – promessa – do Eterno continua dizendo que Sarah será mãe das nações e que reis e povos sairão dela! Bem, tentamos nos colocar no lugar de Avraham e imaginamos que havia uma promessa que já durava vinte e cinco anos dizendo justamente isso e até agora nada! O tempo passara e o corpo deles já não era o mesmo... Além ds barreiras naturais haviam também as barreiras psicológicas construídas pelo passar do tempo e pelo fato de que nada havia acontecido até então... Por isso a reação de Avraham foi a de prostrar-se e rir em seu coração... certamente muitos pensamentos percorreram sua mente naquele instante e entre eles ele pensou consigo: “A um homem de cem anos há de nascer um filho? E conceberá Sarah na idade de noventa anos?”. Isso é natural e este homem ri da promessa que novamente lhe é feita pelo Eterno... O tempo e as circunstâncias estavam cobrando seu preço e agora o grande patriarca da nação de Israel reage como que sua emuna – confiança – no Eterno já não fosse mais a mesma no que diz respeito à esta promessa...
Mas o Eterno insiste em lhe dizer: “E disse Elohim: Na verdade, Sarah tua mulher te dará um filho, e chamarás o seu nome Itzchaq, e com ele estabelecerei o meu concerto, por concerto perpétuo para a sua semente depois dele” Gn 17:19. Agora o Eterno é mais detalhista naquilo que diz a Avraham e lhe diz textualmente que Sarah terá um filho dele e que o nome do menino será Itzchaq! A informação por si só já é “chocante”, dadas as circunstâncias vividas por aquele homem e o que vem a seguir é ainda mais impressionante, pois o Eterno informa a Avraham: “...e com ele estabelecerei o meu concerto, por concerto perpétuo para a sua semente depois dele”. Esta informação de monstra que este milagre tem mais de um ingrediente especial, pois além de interferir diretamente na capacidade física deste casal a criança que nasceria seria o responsável por levar consigo uma aliança feita com derramamento de sangue – feita por Avraham e o Eterno – e que estaria sendo “repassada” a Itzchaq para dar continuidade à promessa de gerar um grande povo que abençoaria a todas as famílias da terra!

O tempo da promessa se aproxima – motivo de riso

“E disse: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sarah tua mulher terá um filho. E ouviu-o Sarah à porta da tenda, que estava atrás dele. E eram Avraham e Sarah já velhos, e adiantados em idade; já a Sarah havia cessado o costume das mulheres. Assim pois riu-se Sarah consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho? E disse o IHVH a Avraham: Porque se riu Sarah, dizendo: Na verdade gerarei eu ainda, havendo já envelhecido? Maravilhosa palavra para a festa do IHVH? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e para Sarah um filho”. Gn 18.10-14.
Estes versos nos mostram a reação de Sarah frente a um comentário feito pelo Eterno quando visitava a Avraham em sua tenda. Sarah ouve o comentário feito pelo Eterno e ri-se daquilo que lhes é dito, assim como ocorrera com seu marido anteriormente! Isso nos mostra que a natureza humana é muito homogênea em alguns aspectos; somos iguais em muitas coisas independente do sexo, de onde estamos, e de que tempo vivemos.
A reação de Sarah é plenamente racional e normal para uma pessoa que já havia esperado por vinte e cinco anos e havia feito uma outra tentativa de “resolver” o problema, mas que dera errado – relembrando, este é o caso de Agar que gerara Ismael. Sarah já não tinha mais as mesmas perspectivas de outrora e já não via as coisas mais com tanto entusiasmo; certamente já não fazia mais planos acerca de seu futuro com um filho e consequentemente não pensava em netos e em uma família feliz... Por isso quando ouve as palavras ditas pelo Eterno ela simplesmente ri... Novamente o riso está presente na vida deste casal, mas não um riso de satisfação ou alegria e sim o riso da improbabilidade e da impossibilidade; o riso que questiona a promessa e que quer deixar de lado a esperança, que após ser cultivada por tanto tempo agora causa dor e angústia quando se fala sobre “a promessa”...
Seus pensamentos – transcritos aqui na Torah – apontam para uma característica do Eterno que não agrada a todos. Ele age quando todas as nossas probabilidades já praticamente morreram e não pensamos mais acerca disso... Sarah questiona suas próprias limitações, ela sabe o que ocorre com ela e como existiam coisa que já estavam “mortas” dentro dela... Mais sso não é tudo, pois ela sabe também que seu corpo físico já não suportaria mais uma gravidez e portanto para ela isso seria impossível. Ela vê barreiras físicas e mentais que simplesmente gritam a ela a todo instante que este fato não pode acontecer e que ela nunca será mãe!
Então o Eterno encerra a visita dizendo que Ele voltaria dentro de um ano, no tempo determinado e que neste tempo ela teria um filho! Estas palavras são taxativas e não deixam margem para qualquer questionamento, mas ainda assim são palavras e precisam de uma confirmação para que a profecia possa tornar-se história e a promessa se torne fato na vida daquele casal.

A promessa cumprida – tempo de rir

“E o IHVH visitou a Sarah, como tinha dito; e fez o IHVH a Sarah como tinha falado. E concebeu Sarah, e deu a Avraham um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Elohim lhe tinha dito. E chamou Avraham o nome de seu filho que lhe nascera, que Sarah lhe dera, Isaque. E Avraham circuncidou o seu filho Isaque, quando era da idade de oito dias, como Elohim lhe tinha ordenado. E era Avraham da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque seu filho. E disse Sarah: Elohim me tem feito riso; todo aquele que o ouvir, se rirá comigo” Gn 21.1-6.
Após terem sido visitados pelo Eterno o casal Avraham e Sarah notam que algo diferente aconteceu com eles... Sarah descobre que está grávida, e isso por si só já é um milagre, mas mesmo assim é preciso esperar para que a promessa possa ser confirmada de fato. Mas já há algo de diferente no lar daquele casal que espera com ansiedade pelo nascimento da criança. Enquanto isso a notícia do milagre já se espalhou e muitos já declaram a grandeza do Eterno por este “milagre parcial” que é o cumprimento da Palavra do Eterno a Avraham. Falta a confirmação que chega quando se cumpre o tempo do nascimento da criança. E conforme declarou o Eterno, no tempo determinado nasce Itzchaq, o filho da promessa, filho de Avraham que Sarah sua mulher lhe dera conforme o Eterno havia dito... O pai – Avraham – circuncida o filho aos oito dias de vida em obediência ao mandamento do Eterno e inclui o filho na aliança com o Criador através da circuncisão.
A promessa se cumpre – aquela promessa que parecia impossível e que tinha tudo para não se cumprir, agora se transforma de profecia em história e dá motivo para que o casal possa rir não da promessa que foi feita a tanto tempo e que não se cumpre, mas sim rir para uma promessa que agora faz parte de sua vida. Eles podem rir e podem, rindo, contar sua história para aqueles que duvidaram que o Eterno poderia cumprir aquilo que Ele mesmo havia dito!
Devemos nos lembrar de um homem chamado Irmiachu - Jeremias - que diz acerca disso: “Ainda veio a mim a palavra do IHVH, dizendo: Que é que vês, Irmiachu? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. E disse-me o IHVH: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” Jr 1.11-12. Quando o Eterno fala e confirma sua Palavra e suas promessas em nossa vida, fique certo de uma coisa: Ele mesmo vigia sua Palavra dita a nós para fazer com que a mesma se cumpra! E isso tem um motivo muito sério: Ele não pode mentir e nunca “joga palavras fora”. Se suas promessas não se cumprirem Ele se faz mentiroso e automaticamente equipara-se ao Adversário de nossas almas, dando a este chance de confrontá-lo e de dizer que ambos são iguais! Por isso nenhuma promessa feita pelo Eterno jamais cairá por terra ou deixará de se cumprir!
Assim como aconteceu com o casal Avraham e Sarah, o tempo de rir chegou! Este é o tempo em que trocaremos o riso da promessa pelo riso que é resultado do cumprimento da promessa! Somente creia pois este é o tempo das promessas do Eterno se concretizarem em nossas vidas.
Que assim seja e o Eterno faça cumprir em nossas vidas suas promessas em nome de Ieshua!
Mário Moreno

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