15 de out. de 2011
A Destruição do Reino de Israel
Extraído de Antiguidades Judaicas
Por Yossef Ben Matityahu ha-Cohen (Flavio Josefo)
Adaptado por Romach Ben Tsabar
Livro Oitavo - Capítulo 3
346. Jeroboão mandou construir um palácio em Siquém, onde estabeleceu sua residência e um
outro na cidade de Fanuel. Pouco depois, a festa de Sucot aproximava-se e ele pensou que, se
permitisse aos seus súditos ir celebra-la em Jerusalém, a majestade das cerimônias e do culto que
se prestava a Elohim no Beit HaMikdash, os levaria a se arrepender de tê-lo escolhido por seu rei:
e se eles o abandonassem para obedecer a Roboão, ele perderia não somente a coroa, mas corria
risco de perder também a vida. Para remediar a esse mal, que ele tinha tanto motivo para temer,
mandou construir dois templos: um na cidade de Betel e outro na de Dã, que está próxima da
nascente do pequeno Jordão e mandou fazer dois vitelos de ouro que colocou nos templos. Reuniu
depois as dez tribos e assim falou-lhes: "Meus amigos, eu creio que não ignorais que Elohim está
presente em toda a parte e assim não há lugar onde Ele não possa ouvir as orações e escutar os
votos daqueles que O invocam. Por isso eu não acho conveniente, que para adorá-Lo, vos deis ao
trabalho de ir a Jerusalém, que está tão longe e que nos é inimiga. Aquele que construiu o templo
era um homem como eu e eu mandei fazer e consagrar a Elohim dois bezerros de ouro, um dos
quais foi colocado na cidade de Betel e o outro na de Dã, a fim de que, segundo estiverdes mais
perto de uma ou de outra destas duas cidades, possais ir até lá e prestar vossas homenagem a
Elohim. Não vos faltarão sacrificadores e levitas; eu os escolherei dentre vós mesmos, sem que
tenhais necessidades para isso de recorrer à tribo de Levy e à descendência de Aarão; mas
aqueles que desejarem ser recebidos, para desempenhar estas funções, só terão que oferecer a
Elohim em sacrifício um vitelo e um carneiro, da mesma maneira como se diz que Aarão fez
quando foi por primeiro nomeado sacrificador."
Eis de que modo Jeroboão enganou o povo que a ele se tinha submetido e o levou a abandonar a
Torah de Elohim e a religião de seus antepassados: o que foi causa dos males que os hebreus
sofreram depois e da escravidão a que se encontram reduzidos, após terem sido vencidos por
nações estrangeiras, como diremos a seu tempo.
Melachim Alef (I Reis) 13. A festa do sétimo mês aproximava-se e Jeroboão resolveu celebrá-la em
Betel, como as tribos de Judah e Benjamim a celebravam em Jerusalém. Mandou fazer um altar
em frente ao bezerro de ouro e quis exercer ele mesmo o cargo de grão-sacrificador. Subiu ao
altar, acompanhado pelos sacrificadores que ele mesmo havia escolhido. Mas, quando ai oferecer
vitimas em holocausto, na presença de todo o povo, Elohim mandou de Jerusalém um profeta
chamado Jadom, que se lançou no meio da grande multidão, voltou-se para o altar e falou tão alto,
que o rei e todos os presentes puderam ouvir: "Altar, altar, eis que diz o Senhor: Virá um príncipe
da família de David, de nome Josias, que imolará nesse mesmo altar, todos esses falsos
sacrificadores, que ainda estiverem vivos e queimará os ossos dos que ja tiverem morrido, porque
eles enganam o povo e o levam à impiedade. Para que ninguém possa duvidar da veracidade da
minha profecia, ides ver-lhe o efeito neste mesmo instante: esse altar vai ficar em pedaços e a
gordura dos animais de que está coberto, será espalhada por terra."
Tais palavras deixaram Jeroboão encolerizado, que ele ordenou que prendessem o profeta;
estendeu a mão para dar a ordem, mas não pode escolher porque, naquele instante, ela ficou
seca, como morta. O altar quebrou-se em vários pedaços, ao mesmo tempo, e os holocaustos que
estavam sobre ele caíram por terra, segundo o que o homem de Elohim havia predito. Jeroboão
não podendo mais duvidar de que Elohim havia mesmo falado pelo profeta, rogou-lhe que pedisse
a sua cura. Ele o fez e seu mão recobrou o movimento, como antes, e ficou tão contente, que
pediu ao profeta que ficasse para assistir ao seu banquete: mas ele recusou-se, dizendo que
Elohim o havia proibido de por o pé em seu palácio, comer do seu pão e beber da água daquela
cidade. Que Ele lhe havia ordenado expressamente que voltasse por outro caminho, diferente
pelo qual tinha vindo. Esta recusa do profeta aumentou ainda mais o respeito de Jeroboão por ele
e começou assim a temer também que o êxito de sua empresa fosse feliz.
Havia naquela mesma cidade um falso profeta, que embora enganasse Jeroboão, gozava de sua
grande estima, porque só lhe predizia coisas agradáveis e como era muito velho e muito doente,
estava sempre de cama. Seus filhos disseram-lhe que tinha vindo de Jerusalém um profeta e que
entre outros milagres, que ele tinha feito, tinha curado a mão seca do rei. Tal ação fê-lo temer que
Jeroboão estimasse mais a esse outro profeta do que a ele e ele viesse a perder todo o seu
prestígio; por isso ordenou aos filhos que preparassem imediatamente sua cavalgadura. Foi ele ter
com o profeta e o encontrou descansando à sombra de um carvalho. Saudou-lo e queixou-se de
que não fora à sua casa, onde o teria recebido com alegria. Jadom respondeu-lhe que Elohim lhe
havia proibido comer naquela cidade, na casa de quem quer que fosse. "Essa proibição", retorquiu
o falso profeta, "não se deve estender a mim, pois eu sou um profeta, como vós, adoro a Elohim do
mesmo modo e foi por sua ordem que eu vos vim procurar, para levar-vos à minha casa, para usar
convosco de minha hospitalidade." Jadom acreditou, deixou-se enganar e o seguiu. Mas quando
estavam ambos à mesa, Elohim apareceu-lhe e disse-lhe que por castigo de lhe ter desobedecido,
ele encontraria ao seu regresso, um leão que o mataria e que ele não seria enterrado no sepulcro
de seus antepassados; eu creio que Elohim permitiu isso para impedir a Jeroboão de prestar fé ao
que Jadom lhe havia dito. O profeta viu bem depressa o efeito das palavras de Elohim. Ele
encontrou, regressando, um leão que o fez cair do asno, matou-o sem tocar no asno, ficou perto do
corpo do profeta para guardá-lo. Alguns viandantes viram-no e contaram ao falso profeta. Ele
mandou logo seus filhos buscar-lhe o corpo, que fez enterrar com grandes cerimônias e ordenoulhes
que, depois da sua morte pusessem seu corpo junto do dele, porque uma parte das coisas
que Jadom tinha profetizado, tinham já acontecido e ele não duvidava, de que o resto também
aconteceria logo; e assim, do mesmo modo que o altar tinha sido quebrado e feito em pedaços, os
sacrificadores e os falsos profetas seriam tratados do mesmo modo, como ele tinha predito;
estando, porem, seus ossos misturados com o de Jadom, ele pensava que não seriam queimados.
Depois que este homem ímpio havia dado esta ordem, foi ter com Jeroboão e perguntou-lhe por
que ficara tão perturbado pelas palavras de um estranho. Ele respondeu-lhe que, o que havia
acontecido ao altar e à sua mão, fazia muito bem ver que ele era um homem cheio do espírito de
Elohim e um verdadeiro profeta. Alegou depois esse homem razões mui verossímeis, mas falsas a
esse respeito, ao rei, para tirar de seu espírito aquela persuasão e obscurecer a verdade. Disse-lhe
ele, que o que tinha acontecido à sua mão era proveniente de cansaço por ter sacrificado tantas
vitimas sobre o altar, como parecia, pois de fato fora curada logo depois de um pouco de
descanso. Quanto ao altar, como fora recém-construído ele não tinha motivo de se admirar que
não tivesse podido suportar o peso de tantos animais imolados e que, enfim, um leão tendo
matado aquele homem, parecia indicar claramente que nada do que ele havia dito era verdade. O
rei persuadido por essas palavras não somente se afastou de Elohim, mas chegou ao máximo do
orgulho e da loucura, ousando levantar-se contra Ele: abandonou-se a toda espécie de crimes e
procurava continuamente a inventar outros, ainda desconhecidos, ainda maiores, que os precedentes.
Livro Nono - Capítulo 14
"Salmaneser, rei da Assíria, toma Samaria, destrói inteiramente o reino de Israel, leva escravos o
rei Oséias e todo o seu povo e manda uma colônia de chuteenses para morar no reino de Israel."
409. Melachim Beit (2 Reis) 17.Salmaneser, rei da Assíria, tendo sabido que Oséias, rei de Israel
tinha mandado secretamente ao rei do Egito, embaixadores, para convida-lo a tomar parte na
aliança contra ele, marchou com um grande exército para Samaria, no sétimo ano do reinado deste
soberano e depois de um cerco de três anos, apoderou-se da cidade, no nono ano do reinado
desse príncipe e no sétimo ano do reinado de Ezequias, rei de Judah; aprisionou Oséias, destruiu
inteiramente o reino de Israel e levou todo o povo escravo para a Media e para a Pérsia; mandou a
Samaria e a todos os outros lugares do reino de Israel, colônias chuteenses, que são povos de
uma província da Pérsia, que tem esse nome por causa do ria Chute, ao longo do qual habitam.
Foi assim que as dez tribos que compunham o reino de Israel foram expulsas de seu país,
novecentos e quarenta e sete anos depois que seus antepassados o haviam conquistado, apos a
saída do Egito, pela força das armas, oitocentos anos depois da dominação de Josué, duzentos e
quarenta anos, sete meses e sete dias, depois que eles se haviam revoltado contra Roboão, neto
de David, para tornar o partido de Jeroboão, seu súdito, e o tinham, como dissemos, reconhecido
por rei. Foi assim que aquele infeliz povo foi castigado por ter desprezado a Torah de Elohim e a
voz dos profetas, que lhes tinham tantas vezes predito as desgraças em que eles cairiam, se
continuassem em tal impiedade. Jeroboão foi-lhes o ímpio e infeliz autor, quando tendo subido ao
trono, levou o povo, a seu exemplo, à idolatria e atraiu contra si a cólera de Elohim que o castigou
como merecia.
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